Caríssimo Roberto,
Gostaria, neste momento, de estar escrevendo essa mensagem, em forma de carta, lavrada de próprio punho; levá-la a uma agência de correios e telégrafos; e, sobre o bonito envelope, escolhido especialmente para esse fim, colar os selos mais bonitos e selecionados por mim, para o meu amigo.
Sim, Roberto, desde a época dos primeiros programas de televisão da Jovem Guarda, particularmente do trio Roberto, Erasmo e Vanderléia, que você, Roberto, foi eleito meu amigo.
Sim, graças aos seus cabelos ondulados, caindo por seus ombros. Por isso, eu também tive coragem de deixar os meus se alongarem, e também eram ondulados.
Suas músicas sempre falaram profundamente ao meu coração; contudo, foi “Jesus Cristo” que mergulhou profundamente em todo meu ser…
Quando você gemeu com a morte do corpo físico de Maria Rita, eu que por muito anos, fora depressivo, sofrera de grave depressão, confesso, caminhei com você nas trilhas de espinhos e padeci nas ondas agitadas do mar revolta da vida.
Ontem, dia 18 de abril de 2010, recebemos, minha esposa e eu, surpresos, a notícia de sua mãe, Lady Laura, a mamãe Laura, a amiga e confidente Laura, duas vezes mãe: a mãe do menino de Chachoeiro de Itapemirim/ES, e mãe do Roberto Carlos, o moço cantor do Mundo, do Planeta… ela também está livre do corpo físico.
Roberto, são tantas as EMOÇÕES, muitas e fortes emoções, também vividas por mim. Teria tantas coisas a comentar sobre Laura Braga, desde Rubem Braga e tantos outros Braga… “Uma Estrela Vai Brilhar” de Ricardo Braga…
Falar de Cachoeiro de Itapemirim, que você transformou em “meu cachoeiro”, que fizemos também Cachoeira do SISTEMA GRISA…
Porém, o que importa hoje é Lady Laura. Acompanhei os noticiários sobre o Show de Nova Iorque e a notícia recebida por você, nos camarins, sua tristeza, seu retorno ao Rio…
Roberto, uma frase não me sai dos lábios: “Laura e Roberto, parabéns a vocês.” Sim, Roberto você tem o direito de sentir, e sentir saudade da mãe e companheira Laura. Quanto mais saudade você sentir e mais gostaria de ter sua mamãe pertinho de você, também fisicamente, também com o calor de seus braços, mais eu insisto: “Parabéns, a vocês, Laura e Roberto!” Pois é sinal de que Laura foi uma grande e maravilhosa mãe e você, Roberto, foi um filho querido, atencioso e maravilhoso, que por muitas vezes fez o coração de sua mãe dançar a música do entusiasmo e fez cantar em sua alma hinos de alegria.
Parabéns e sempre lhes seremos gratos, imensamente agradecidos pelo EXEMPLO de mãe e filho que vocês estão legando a essas gerações tão carentes de exemplos dignificantes…
Todavia, Roberto, quero proclamar, a plenos pulmões, que Lady Laura, sua mãe, não morreu, apenas “mudou o modo de viver”.
E afirmo ainda: “sua mãe não morreu, ela vive não apenas como um espírito e alma indefinidos…vive, sim, como pessoa, a mesma pessoa com a qual você conviveu; porém livre das necessidades, dificuldades, limitações e bloqueios, próprios do corpo físico. Está livre dos limites de espaço e tempo, sempre pode estar com você. Mais ainda: ela pode ajudar você, ela quer ajudar; contudo, respeita você como Deus respeita nossa liberdade, só irá ajudar você, se você aceitar, permitir ou pedir.”
Sim, amigo Roberto, sua mãe Laura agora mesmo está a seu lado e sempre pode estar com você.
Todavia, ela não pode se manifestar de tal modo que você possa vê-la com seus olhos nem ouvir sua voz com seus ouvidos. Tampouco sentir a sua presença como tato e outros sentidos; pois, ela está agora num nível de energia absolutamente distinto do nosso.
Porém, ela nos percebe e ela pode ajudar vocês, não mais arrumando sua mala, nem segurando um instrumento musical; mas ela pode tornar sua viagem mais feliz e perceber melhor as maravilhas por onde você passar; também ela pode ajudar você a produzir músicas ainda mais bonitas, semeando alegria e felicidade.
Roberto, meu amigo de tanto tempo, provavelmente eu sou mais um dos fãs que você desconhece; todavia, quero dizer-lhe que comungo com você os seus sucessos, as suas alegrias e agora estou muito contente em poder lhe dizer: “Se até hoje sua mãe podia estar junto de você apenas algumas horas por dia, alguns dias por semana ou por mês; agora ela sempre pode estar com você, imperceptível aos seus sentidos; entretanto, realmente presente, real e verdadeiramente como a mãe de sempre e melhor ainda…”