Quando vejo as reportagens que descrevem e mostram os dramas e tragédias provocadas pelas enchentes, duas palavras anunciam um debate em meu territorio mental: Improvisação e Planejamento.
Em 1966 foi quando descobri a Catequese Poética do catarinense, Lindolfo Bell. CP, original projeto, fruto de planejamento e decisão realizadora. – São Paulo, minha SP dos anos de 1960
Ideias e pensamentos se misturam, em minha mente:
Estamos em 1973, participo, em Blumenau-SC, de Festival de Teatro Amador, com o grupo THEJO – Teatro de Herval de Oeste e Joaçaba-SC.
Sou convidado a participar de conferencia, proferida por Lindolfo Bell.
Lembro- da voz vibrante do orador poeta:
– Em conversa com o Editor Odilon Lunardelli, falava-me da importancia dos textos literários que versam sobre temas ecológicos. Os poetas sempre foram também profetas, os romancistas sempre retratam a vida social e seus costumes e o Teatro expõe o ridículo de comportamentos inadequados do homem.
E prosseguia o poeta:
– Percebo a urgencia que se faz presente, para que novas atitudes e comportamentos sejam criados . Sim, é só olharmos para os morros de Blumenau. é urgente que se deixe de cortar morros para construir mansões. Também é gritante a necessidade de evitar-se que terrenos baldios sejam ocupados das formas mais esdrúxulas.
E exclamava o orador:
– Tenho pena de você, minha amada Blumenau! pois vejo o momento em que teus morros começarem a ruir e teu povo chorar, como passarinhos expulsos de seus ninhos!…
Com certeza as palavras do grande poeta foram muito mais fortes e bonitas. Porém, seu conteudo era aproximadamente esse.
Vêem à memoria também as palavras mais violentas que o Planeta já ouviu, quando Jesus de Nazaré proclamava: “Se vocês tiverem Fé, e disserem à essa montanha: – Lança-te ao mar! Ela será arremessada ao mar.
Refletindo sobre isso, penso: “Sim, é chegada a hora de termos Fé, intensa Fé! para sustentarmos as montanha, nãol só as do Vale do Itajai, da serra fluminense; mas também as montanhas de gelo, para salvar os nossos irmãos menores, os pinguins e nossos irmãos maiores, os ursos polares…
Contudo não basta uma Fé, vazia de atos e ações construtivas e benéficas. Observe-se:
– Deus sempre quer o melhor; porém é preciso colaborarmos e darmos a nossa contribuição. Fazermos a nossa parte!
E a figura de meu pai se destaca, em meu territorio interior: “É preciso manter a mata aqui no topo do morro. Se todo o mato for retirado, água que alimenta as fontes irá secar.
Lembro-me perfeitamente que, aos 13 anos, quando sai de casa para estudar, todos os montes do interior do Irani-SC, cuidados por colonos com a formação do meu pai, todos os morros tinham uma boina de floresta cobrindo sua cabeça, e à beira dos córregos e rios existiam uma faixa de árvores e arbustos, cobrindo sua margem e os pastor para vacas e cavalos, estendiam-se ao sopé dos montes. Entre a boina florestas e os pastos, todos pontilhados de árvores nativas, a maioria do pomar da Floresta Atlântica, estendiam-se os trigais e milharais; e outras plantações…
Recordo, com indignação, ainda hoje, quando apareceram as opiniões de radios, entrevistando Técnicos Agrícolas e Engenheiros Agrônomos, os quais ridicularizavam a prática de nossos pais, afirmando que as “terras de várzea e do alto dos morros eram as mais produtivas. Que os nossos agricultores eram ignorantes, deixando de lucrar com uma produtividade agrícola maior.”
Se a prática de nossos pais tivesse sido mantida e difundida também entre os colonizadores das novas cidades, com certeza, hoje não estaríamos assistindo tantos espetáculos, dramas e tragedias: tantas pessoas chorando como passarinhos que perderam seus ninhos e com os filhotes assustados e sem rumo.
E as duas palavras voltam a dançar em meu território interior: Improvisação ou Planejamento?
O que prevalece, meu senhor, é o Egoísmo, a Urgencia e a Improvisação, com as consequencias que só no andar da carruagem do tempo, revelam-se, em dramas e tragedias.
É hora de analisar, avaliar e decidir. Seja bem-vindo Planejamento e todos os seus complementos e correlatos!
Janeiro de 2011.
– É preciso repor as matas no topo dos morros e recuperar a mata siliar, ao longo dos córregos e rios, para salvar o povo e o Planeta!
Com certeza clamaria meu pai e seus amigos, vendo o noticiario de radios e teves…